quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Sinta a presença da existência - Osho -






Esta técnica está baseada na sensibilidade interior. Primeiro cresça em sensibilidade. Apenas feche suas portas, torne o quarto escuro e acenda uma pequena vela. Sente-se perto da vela com uma atitude bem amorosa – melhor ainda, com uma atitude reverente.Primeiro tome um banho, jogue água fria nos seus olhos, então se sente de um modo piedoso diante da vela. Olhe para ela e esqueça tudo mais. Apenas olhe para a pequena vela – a chama e a vela.Continue olhando para ela. Após cinco minutos você irá sentir que muitas coisas estão mudando na vela. Nada está mudando na vela, lembre-se, seus olhos estão mudando.Com uma atitude amorosa, com o mundo todo encerrado, com total concentração, com um coração sensível, apenas continue olhando para a vela e para a chama. Então você irá descobrir novas cores ao redor da vela, novas tonalidades que você nunca esteve ciente que estavam lá. Elas estão lá, todo o arco íris está lá. Onde quer que a luz esteja, o arco íris está presente porque luz é todas as cores.Você precisa de uma sensibilidade sutil. Apenas sinta-a e continue olhando-a. Mesmo que lágrimas comecem a escorrer, continue olhando-a. Essas lágrimas ajudarão seus olhos a ficarem mais frescos.Sensibilidade tem que crescer. Todo os seus sentidos têm que ficar mais vivos. Então você pode experimentar essa técnica. ”Sinta o cosmos como uma presença translúcida sempre viva”. A luz está em toda parte – em muitas, muitas tonalidades, formas, a luz está acontecendo em toda parte. Olhe para ela! Olhe para uma folha ou para uma flor ou uma pedra, e mais cedo ou mais tarde você irá sentir raios saindo dela. Basta esperar pacientemente. Não tenha pressa porque nada é revelado quando você está apressado.Espere silenciosamente por coisa alguma, e você descobrirá um novo fenômeno que sempre esteve lá, mas do qual você não estava alerta – não estava ciente disso. Sua mente se tornará completamente silenciosa enquanto você sente a presença da sempre viva existência. Você será apenas uma parte dela, só uma nota numa grande sinfonia. Nenhum peso, nenhuma tensão... a gota caiu no oceano. Mas muita imaginação será necessária no principio, e o treino da sensibilidade será de ajuda.Todas essas técnicas também alteram a química de seu corpo. Se você sentir o mundo inteiro como repleto de vida, de luz, assim você está alterando sua química corporal. E isso é uma reação em cadeia. Quando a química de seu corpo muda, você pode olhar para o mundo e ele parecerá mais vivo. E se ele parece mais vivo, sua química corporal irá mudar de novo, e então isso se torna uma corrente.
Osho, em "Excerpted from The Book of Secrets

Sinta a paz em seu coração - Osho -





Esse é um método muito simples, mas funciona milagrosamente – experimente-o. E qualquer um pode experimentá-lo, não há nenhum perigo.A primeira coisa é estar numa posição relaxada. Não lute com a postura. Você pode sentar numa cadeira confortável e relaxar. A única coisa é que seu corpo precisa ficar num estado relaxado. Apenas feche seus olhos e sinta o corpo todo. Comece das pernas – sinta se há alguma tensão ou não. Se você sentir que há alguma tensão, faça uma coisa: torne-a mais tensa.Se você notar que há mais tensão na perna direita, então torne essa tensão tão intensa quanto possível. Leve-a para um pico – então relaxe repentinamente para que você possa sentir como o relaxamento acontece lá.Então prossiga por todo o corpo procurando por alguma tensão. Onde quer que você sinta tensão torne-a maior, porque é mais fácil relaxar quando ela é intensa.Apenas num estado intermediário é muito difícil porque você não pode senti-lo. É fácil se mover de um extremo para outro, muito fácil, porque o próprio extremo cria a situação para mover-se para o outro.Dessa forma se você sentir alguma tensão na face então tencione todos os músculos da face tanto quanto possível, crie mais tensão e traga-a para um pico. Traga-a para um ponto onde você sinta que mais não é possível – então relaxe repentinamente.Dessa maneira certifique-se de que todas as partes do corpo, que todos os membros estejam relaxados.Feche seus olhos e apenas sinta a área entre as duas axilas: a área do coração, seu peito. Primeiro sinta-o somente entre as duas axilas com sua total atenção, total consciência. Esqueça o corpo todo, lembre-se somente da área do coração entre as duas axilas, o peito, e sinta-o repleto de uma grande paz.No momento que o corpo estiver relaxado, paz acontece automaticamente em seu coração. O coração se torna silencioso, relaxado, harmonioso. E quando você esquece do corpo inteiro e traz sua atenção só para o peito e conscientemente percebe que ele está repleto de paz, muita paz irá acontecer imediatamente.Quando você for capaz de sentir a paz entre suas axilas lhe preenchendo, permeando seu centro do coração, o mundo irá parecer ilusório. Esse é um sinal que você entrou em meditação – quando o mundo aparenta ser ilusório.Continue fazendo isso. E é tão fácil que você pode prosseguir fazendo-o a qualquer hora. Apenas deitado em sua cama à noite você pode fazê-lo; cedo de manhã quando você notar que agora está desperto você pode fazer isso. Primeiro faça e depois se levante. Mesmo por dez minutos será suficiente.Dez minutos à noite antes de dormir, faça-o. Torne o mundo irreal, e seu sono será tão profundo que você pode nunca ter dormido dessa maneira antes.Se o mundo tornou-se irreal antes de você adormecer, os sonhos irão diminuir. Por que se o mundo tornou-se um sonho, então os sonhos não podem continuar. E se o mundo for irreal, você fica totalmente relaxado porque a realidade do mundo não irá impingir-se sobre você, martelar em você.Sugeri esta técnica para pessoas que sofrem de insônia. Ela ajuda muito.
Osho, em "The Book of Secrets

Sinta, não pense.





Você está sentado no jardim, o tráfego está passando e há muito barulho e muitos sons. Você apenas fecha seus olhos e tenta encontrar o som mais sutil que existe ao seu redor.
Um corvo está grasnando: apenas se concentre no ruído do corvo. Todo o barulho do tráfego continua. O som é tal, é tão sutil, que você não pode ficar cônscio dele a menos que você foque sua consciência nele. Mas se você focar sua consciência, todo o barulho do tráfego irá sumir e o ruído do corvo se tornará o centro. E você irá ouvi-lo, todas as nuances dele – muito sutil, mas você será capaz de ouvi-lo.Cresça em sensibilidade. Quando você toca em algo, quando você ouve, quando você come. Quando você toma banho, permita seus sentidos ficarem abertos. E não pense – sinta.Você está de pé debaixo do chuveiro: sinta a frescura da água caindo sobre você. Não pense sobre isso. Não vá logo dizendo, “Está muito fresco. Está frio. Está bom assim”. Não diga nada. Não verbalize, porque na hora que você verbaliza, você perde o sentimento. Na hora que as palavras chegam, a mente começou a funcionar. Não verbalize. Sinta a frescura, mas não diga que está fresco.Continuamos a dizer coisas, nem mesmo conscientes do que estamos dizendo. Pare de verbalizar; só então você pode aprofundar seus sentimentos. Se sentimentos forem aprofundados, então essa técnica pode fazer milagres a você.Sinta: meu pensamentoFeche seus olhos e sinta o pensamento. Uma corrente contínua de pensamentos está lá, um continuum, um fluxo; um rio de pensamentos está fluindo. Sinta esses pensamentos, sinta a presença deles. E quanto mais você sentir, mais lhe será revelado – camadas sobre camadas. Não somente pensamentos que estão bem na superfície; por trás deles existem mais pensamentos, e atrás destes existem ainda mais pensamentos – camadas sobre camadas.E a técnica diz Sinta: meu pensamento. E prosseguimos dizendo, “Estes são meus pensamentos”. Mas sinta – são eles realmente seus? Pode você dizer “meu”? Quanto mais você sente, será menos possível para você dizer que eles são seus. Todos eles são emprestados, todos eles procedem do exterior. Eles chegaram até você, mas eles não são seus. Nenhum pensamento é seu – apenas pó acumulado. Mesmo se você não puder reconhecer a fonte de onde esse pensamento chegou até você, nenhum pensamento é seu. Se você tentar duramente, você pode descobrir de onde esse pensamento chegou até você.Só o silencio interior é seu. Ninguém lho deu. Você nasceu com ele, e você irá morrer com ele. Pensamentos lhe foram dados; você foi condicionado a eles. Se você for um hindu, você tem um tipo diferente, um conjunto diferente de pensamentos; se você for um maometano, é claro, um conjunto diferente de pensamentos; se você for um comunista, novamente um conjunto diferente de pensamentos. Eles lhes foram dados, ou você pode tê-los pegado voluntariamente, mas nenhum pensamento é seu.Se pensamentos não são meus então nada importa, porque isso também é um pensamento – que você é minha esposa, ou você é meu marido. Isso também é um pensamento. E se basicamente o pensamento em si mesmo não é meu, então como o marido pode ser meu? Ou como pode a esposa ser minha? Pensamentos desenraizados, o mundo inteiro é desenraizado. Assim você pode viver no mundo e não viver nele.
Osho,

Sinta "EU SOU"






Estou existindo. Vá fundo nesse sentimento. Apenas sentado, vá fundo nesse sentimento - Estou existindo, Eu sou. Sinta-o, não pense nisso, porque você pode dizer isso na mente – EU SOU – e isso é fútil. Sua cabeça é seu desfazer. Não continue repetindo na cabeça Eu sou, Estou existindo. Isso é fútil, é inútil. Você perde o ponto.Sinta isso profundamente em seus ossos. Sinta-o por todo seu corpo. Sinta-o como uma unidade total, não na cabeça. Apenas sinta-o - Eu sou. Não utilize as palavras “Eu sou“.Não faça disso um mantra, e não diga, "Estou existindo". Não há necessidade. Todo mundo sabe, e você já sabe que está existindo; não há nenhuma necessidade disso, isso é fútil. Sinta-o - Estou existindo. Sentir é uma coisa diferente, totalmente diferente.Tente isso. E você pode fazê-lo em qualquer lugar. Apenas andando de ônibus, ou viajando de trem, ou somente sentado ou deitado em sua cama, tente sentir a existência como ela é, não pense sobre ela.Quando você começa a sentir a existência, o mundo inteiro se torna vivo para você de uma maneira totalmente nova, que você não conhecia. Assim você passa pela mesma rua e a rua não é mais a mesma, porque agora você está fundamentado na existência. Você encontra os mesmos amigos, mas eles não são os mesmos, porque agora você é diferente.Quando você fica enraizado, você é um com o todo, e a existência existe para você. Você não é um mendigo, de repente você se torna um imperador.E enquanto sentindo isso, não crie um limite para isso. Sinta-o ilimitadamente. Não crie obstáculos a isso; não há nenhum. Isso não tem fim. O mundo não começa em lugar nenhum; o mundo não acaba em lugar nenhum. Existência não tem princípio e nem fim. Você também não tem nenhum princípio, você também não tem nenhum fim.
Osho, em "The Book of Secrets"

É preciso aceitar os desafios - Osho -





A vida pode ser vivida como uma suave descida ou como uma árdua subida.Se você está descendo a ladeira, ela é conveniente, confortável. Não é necessário de sua parte nenhum esforço, nenhum risco, nenhum desafio.Mas também você não ganha nada - simplesmente vai à deriva, do nascimento até a morte. A vida permanece um grande vazio.É preciso ser laborioso, é preciso aceitar os desafios que levam a pessoa a uma jornada para cima. Isso é difícil, é perigoso, mas desperta o que há de melhor em você.Cria integridade, cria finalmente uma alma em você. Você precisa aplicar todas as energias à tarefa, só assim... É preciso arriscar tudo, só assim... Assim a vida desabrocha, floresce.Ela se torna uma alegria, uma realização, uma satisfação, uma bênção.
Osho, em "Meditações Para o Dia

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

DENTRO - PREM RAWAT

Vídeo feito a partir de palavras de Prem Rawat, também conhecido por Maharaji.



O leão que pensava ser uma ovelha. Prem Rawat

Vídeo feito a partir de uma história contada por Prem Rawat, também conhecido por Maharaji.



A porta até você - PREM RAWAT

A porta até você - ( "The Door to You")

Em toda sua vida você se relaciona com duas portas: a porta pela qual você veio através do nascimento, e aquela pela qual você partirá.
Mas há uma outra porta, e essa é a porta até você.
Eu ofereço ajuda para abrir aquela porta até você. Eu chamo de Conhecimento um modo prático de você se habilitar a ir para dentro de si e sentir aquele sentimento que está lá, dentro de você. Eu ofereço quatro técnicas para aqueles que desejarem este Conhecimento. Existe um processo muito simples de se preparar para ele, e em seguida você tem a possibilidade de ir para dentro e sentir aquele sentimento.
Do que eu estou falando está dentro de você.
Sempre esteve, sempre estará.
Recentemente falei, em muitos eventos na Índia, que a coisa mais importante que temos é esta existência. Quando você nasce, recebe como presente uma experiência chamada vida.
E, nesta vida, o que você tem ?

Você tem uma respiração.
Você tem um dia, uma hora, um minuto, um segundo. Essas são suas realidades. Isso não é ficção. Não é um conceito. O que falo, o que quero experimentar na minha vida e o que quero que você vivencie não é a ficção. É realidade. Uma realidade que você pode tocar, sentir, que você pode entender. Em sua vida, aceitação deveria ser o que você sabe, entende, sente. Não com o pensamento, mas com o sentimento.
Há um lindo poema Indiano : "Que gotas compõem o oceano, todo mundo sabe; mas, que a gota contém o oceano, pouquíssimos o sabem".
Eu quero que você faça parte desses poucos que entendem isso.
Essa coisa incrível - nela está tudo e ela está em você, também. Você é a gota. Não a gota líquida, você é a gota. O oceano está em você.
E, sim, você pode sentir isso. Eu entendo isso, porque a mesma energia que está por toda parte chega até mim na forma de respiração - me toca e traz o presente da vida.
Por que se tornar pleno? A resposta para essa pergunta está na escritura que não exige alfabetização.
As pessoas se expressam de diversos modos, mas o que dizem é a mesma coisa. Somos todos humanos e, em última instância, temos a mesma paixão, queremos ter paz, ter contentamento, queremos ser felizes.
Recentemente, quando eu cruzava em vôo uma tempestade, tive uma experiência mágica. Havia belas nuvens de um lado, e uma espécie de abertura: nuvens do lado do oceano, nuvens do lado da terra firme, e o sol brilhava no meio. Às vezes apenas as extremidades se iluminavam e, de repente, as nuvens se acendiam por inteiro.
Não havia raios, só a chuva, e belos arco-íris. Parecia algo saído de um livro.
Eu estava lá olhando para isso tudo. Sei muito bem o que é um arco-íris. Posso até dizer onde vai surgir um, se tiver que surgir. Para isso é preciso que haja gotas d´água em suspensão e sol. É a refração da luz nas gotas d´água que faz o arco-íris.
E há nuvens. Sei exatamente o que são as nuvens: elas são vapor d´água. Na medida em que o calor aumenta, começa o resfriamento e a nuvem se forma. A chuva é o vapor d´água que sobe pela atmosfera, resfria-se e cai.
E pensei: "Sim, sei disso tudo. Mas por que é tão belo?"
Desfrutei aquilo. Não há equivalência entre toda a lógica do mundo e o que o coração tem para oferecer em termos de apreciação. O coração faz parte das pessoas tanto quanto o cérebro.
Dê ao coração o tempo necessário e sua vida começará a mudar, pois se há algo que todo mundo pode usar, mas faz isso de modo precário, é a apreciação.
Os médicos não vão dizer isso. Não aparece no exame de sangue. Mas somos todos deficientes em apreciação. Não sabemos o valor das coisas qeu nos foram dadas. Não compreendemos a beleza desta respiração. Quando se compreende a beleza da respiração, como é possível não apreciar?
Não é ciência o que vou dizer, mas creio que seja nossa capacidade de apreciar, de desfrutar, o que faz de nós o que somos. Os cães gostam daquilo que gostam, sem dúvida. Abanam o rabo e um brilho surge em seus olhos. Chegam até a sorrir . Gostam daquilo que gostam. Com os gatos é a mesma coisa. Gostam do que gostam.
Mas há algo que podemos apreciar por sermos o que somos. E isso, em minha opinião, é o que nos diferencia um pouco.
Espero que descubra o que é e preste atenção nessa coisa que está dentro de você e com a qual vai estabelecer um relacionamento. Aí, não estará apenas sobrevivendo, mas florescendo.
Não se julgue pelo que o mundo fez com você, com o que o mundo lhe diz, pelo o que aconteceu ou não aconteceu. Você está vivo. Respira. E por estar respirando você é rico, não pobre.
Você tem uma grande dádiva. O mesmo poder que sustenta todo o Universo mantém você - é algo que nem posso ter a pretensão de dimensionar.
Conheço a palavra infinito. Não consigo avaliá-la, mas posso senti-la, porque esse infinito também está dentro de mim. Esta é a minha força. O Universo respira; se contrai e se expande. É uma coisa viva. É algo que o mantém intacto. E a respiração chega a você graças a isso. A maioria das pessoas ignora que seja assim: "Respiração? O que é essa respiração?"
Mas não a ignore, sinta-a.
Essa coisa chamada vida tem sido descrita como um portal. É o mais próximo que o infinito e o infinito pode chegar um do outro. E aqui, nesta vida, o finito pode sentir o infinito. Assim como no espaço, o infinito poderá consumir o finito.
O finito voltará a ser apenas pó, e o infinito vai permanecer.
Acho isso surpreendente. Há uma imensidão do nada. E a certa altura passa a haver algo, algo que é realmente alguma coisa. Depois volta a imensidão do nada. Expansão e contração.
Respiração, existência. Desaparecendo, reaparecendo. Colisão. Torna-se algo. Não faça comparações: "Isso é tão trivial". Neste Universo nada é trivial, nada. Nem mesmo o pó é trivial, pois isso é tudo o que existe: pó compactado, partícula dispersa. Você é pó. Mas isso é algo, não um nada.
Então fique livre da confusão, da dúvida, do sofrimento. Não se preocupe com o que vai acontecer. Para onde vou? Isso é o que você tem se perguntado a vida toda.
As pessoas têm muitas idéias. Tudo bem. Acredito firmemente que o céu seja aqui. E não apenas creio, eu sei que este é o recipiente que pode sentir a beleza do céu.
Isso é o que lhe foi dado.
PREM RAWAT

PREM RAWAT




Nascido no norte da Índia em 1957, Prem Rawat recebeu o título de “Maharaji” - que significa “Grande Professor” – ainda criança, em reconhecimento à sua habilidade de outorgar este presente especial aos seres humanos. Nos últimos 40 anos ele vem trabalhando ininterruptamente para levar sua mensagem eterna a literalmente milhões de pessoas ao redor do mundo.

A mensagem de Prem Rawat transcende raça, cultura, ou crença – indica uma sede essencial que reside no coração das pessoas. Hoje, centenas de milhares de seres humanos de todas as origens e formações se beneficiam da felicidade e plenitude oriundas desta simples conexão com seus corações.

Prem Rawat, nas 3 últimas décadas, falou para mais de cinco milhões de pessoas em 250 cidades sobre a possibilidade de paz interior. Ele é o palestrante principal em eventos públicos que ocorrem regularmente nas principais cidades do mundo. Para ver o calendário dos eventos públicos de Prem Rawat, visite Words Of Peace. WOPG.ORG também contém INFORMAÇÕES SOBRE CONTATOS REGIONAIS (Brasil, Portugal) para eventos públicos, vídeo-eventos e apresentações da mensagem de Prem Rawat em várias línguas, e em quase todas as regiões do mundo.

terça-feira, 13 de abril de 2010

O processo da mente




"A coisa mais difícil, quase impossível, para a mente, é permanecer no meio, é permanecer equilibrada. E o mais fácil é movimentar-se de um pensamento para o seu oposto. Movimentar-se de uma polaridade para a polaridade oposta é a natureza da mente. Isso tem que ser entendido muito profundamente, porque sem que você entenda isso, nada poderá levar você à meditação.

A natureza da mente é movimentar-se de um extremo a outro, ela depende do desequilíbrio. Se você estiver equilibrado, a mente desaparece. A mente é como uma doença: quando você está desequilibrado ela está ali, quando você está equilibrado ela não está ali.

É por isso que é fácil para uma pessoa que come muito fazer jejum. Isso parece sem lógica, porque nós pensamos que uma pessoa que é obcecada por comida não consegue jejuar. Mas você está errado. Somente uma pessoa que é obcecada por comida pode jejuar, porque jejuar é a mesma obsessão no sentido oposto. Na verdade não houve mudança em você. Você continua obcecado por comida. Antes você comia muito e agora você está faminto - mas o foco da mente continua na comida, a partir de um extremo oposto.

Um homem que tenha se entregue em demasia ao sexo, pode ser tornar um celibatário muito facilmente. Não há nenhum problema. Mas é difícil para a mente fazer uma dieta certa, é difícil para a mente estar no meio.

Porque é difícil estar no meio? Isso é exatamente igual ao pêndulo de um relógio. O pêndulo vai para a direita, e daí se move para a esquerda, então de novo para a direita, e depois de novo para a esquerda. O relógio inteiro depende desse movimento. Se o pêndulo parar no meio, o relógio pára. E quando o pêndulo se move para a direita, você pensa que ele está somente indo para a direita. Mas, ao mesmo tempo que ele está indo para a direita, ele está juntando momento* para ir para a esquerda. Quanto mais ele se move para a direita, mais energia ele reúne para se mover para a esquerda, para o oposto. Quando ele está se movendo para a esquerda ele está de novo reunindo momento para se mover para a direita.

Sempre que você come demais, você está reunindo momento para fazer jejum. Sempre que você se entrega em demasia ao sexo, mais cedo ou mais tarde, o celibato, o brahmacharya se tornará atraente para você.

E o mesmo está acontecendo a partir do pólo oposto. Vá e pergunte aos chamados sadhus, aos bhikkhus, aos sannyasins. Eles firmaram um propósito de permanecer celibatários; e agora a mente deles está reunindo momento para se movimentar em direção ao sexo. Eles firmaram um propósito de ficarem com fome, de passar fome e a mente deles está constantemente pensando em comida. Quando você está pensando muito a respeito de comida, isso mostra que você está reunindo momento para comer. Pensar significa momento. A mente começa fazer arranjos para ir ao oposto.

A primeira coisa: sempre que você se move, você também está se movendo para o oposto. O oposto está escondido, ele não é aparente.

Quando você ama uma pessoa, você está reunindo momento para odiá-la. É por isso que somente amigos podem se tornar inimigos. Você não pode se tornar um inimigo sem que primeiro você tenha se tornado um amigo. Amantes discutem e brigam. Só os amantes podem discutir e brigar, porque a não ser que você ame, como você poderá odiar?A não ser que você tenha se movido para a extrema esquerda, como você poderá se mover para a direita? Pesquisas modernas dizem que isso que se chama amor é um relacionamento de íntima inimizade. Sua esposa é a sua inimiga íntima e seu marido é o seu inimigo íntimo - ambos inimigos e íntimos. Parecem opostos, sem lógica, porque nós ficamos ponderando como alguém que é íntimo pode ser inimigo? Alguém que é amigo, como pode também ser o adversário?

A lógica é superficial. A vida vai mais fundo. Na vida, todos os opostos se juntam, eles existem juntos. Lembre-se disso, porque então meditação se torna equilíbrio.

Buda ensinou oito disciplinas e para cada disciplina ele usava a palavra certa. Ele dizia: o esforço certo, porque é muito fácil mover-se da ação para a inação, do despertar para o dormir, mas permanecer no meio é difícil. Quando Buda usa a palavra certa, ele estava dizendo: não se mova para o oposto, simplesmente permaneça no meio. A comida certa - ele nunca disse jejum. Não se entregue em demasia à comida e não se entregue ao jejum. Ele dizia: comida certa. Comida certa significa permanecer no meio.

Quando você permanece no meio você não está reunindo momento algum. E essa é a beleza disso: um homem que não está reunindo momento algum para se mover a qualquer lugar, pode estar à vontade consigo mesmo, pode se sentir em casa.

Você nunca pode se sentir em casa, porque qualquer coisa que você faz, imediatamente você terá que fazer o oposto para equilibrar. E o oposto nunca equilibra, ele simplesmente dá a você a impressão de que você está se tornando equilibrado, mas você terá que se mover para o oposto de novo.

Um buda não é amigo nem inimigo de alguém. Ele simplesmente parou no meio - o relógio não está funcionando... Quando a sua mente pára, o tempo pára, quando o pêndulo pára, o relógio pára...

O tempo é criado pelo movimento da mente, exatamente como o movimento do pêndulo. A mente se move, você sente o tempo. Quando a mente não está se movimentando, como você pode sentir o tempo? Quando não há qualquer movimento, o tempo não pode ser sentido. Cientistas e místicos concordam nesse ponto: que o movimento cria o fenômeno do tempo. Se você não está se movendo, se você está parado, o tempo desaparece, a eternidade chega à existência.

O seu relógio está se movendo rapidamente e o seu mecanismo é movimento de um extremo ao outro.

A segunda coisa a ser entendida a respeito da mente é que a mente sempre quer o que está distante, nunca o que está perto. O que está perto é enfadonho, você fica farto dele. O distante lhe dá sonhos, esperanças, possibilidades de prazer. Assim, a mente sempre está pensando no distante. É sempre a mulher de alguma outra pessoa que é atraente e bonita; é sempre a casa de alguma outra pessoa que o obceca; é sempre o carro de alguma outra pessoa que fascina você. É sempre o que está distante. Você fica cego para o que está perto. A mente não consegue ver aquilo que está muito perto. Ela somente pode ver aquilo que está muito longe.

E o que está muito longe, o que está mais distante? O que está mais distante é o oposto. Você ama uma pessoa - agora o fenômeno mais distante é o ódio. Você está comendo demais - agora o fenômeno mais distante é o jejum. Você está celibatário - agora o fenômeno mais distante é o sexo. Você é um rei - agora o fenômeno mais distante é ser um monge.

O que está mais distante é aquilo com que sonhamos mais. Ele atrai, ele obceca, ele segue chamando, convidando você e então, quando você tiver alcançado o outro pólo, este local de onde você partiu em caminhada se tornará belo novamente. Divorcie-se de sua esposa e após uns poucos anos ela terá ganho beleza novamente...

Para a mente, o oposto é magnético e a não ser que, através da compreensão, você transcenda isso, a mente continuará se movendo da esquerda para a direita, da direita para a esquerda, e o relógio continua. Ele tem continuado por muitas vidas e é assim que você tem sido enganado - porque você não compreende o mecanismo. De novo o distante se torna atraente e de novo você começa uma nova caminhada. E no momento em que você alcança o seu objetivo, aquilo que antes era seu conhecido e que agora está distante, de novo se torna atraente, agora se torna uma estrela, alguma coisa valiosa.

Eu estive lendo a respeito de um piloto que estava voando sobre a Califórnia com um amigo. Ele lhe disse: "Veja lá embaixo aquele belo lago. Eu nasci perto dele, ali está a minha vila". Ele apontou para uma pequena vila numa colina próxima ao lago. E ele disse: "Eu nasci ali e quando eu era criança eu costumava sentar próximo ao lago para pescar. Pescar era o meu hobby. Mas naquela época, quando eu era criança e pescava no lago, os aviões sempre costumavam cortar o céu, passando sobre a minha cabeça, e eu sonhava com o dia em que eu próprio me tornaria um piloto e estaria pilotando um avião. Aquele era meu único sonho. Agora ele está realizado e que miséria! Agora eu continuamente olho para aquele lago lá em baixo e fico pensando no dia em que eu estiver aposentado para poder ir pescar nele de novo. Aquele lago é tão lindo..."

É assim que as coisas acontecem. É assim que as coisas têm acontecido com você. Na infância você queria crescer depressa porque as pessoas mais velhas eram mais poderosas. Uma criança quer crescer imediatamente. As pessoas mais velhas são sábias e a criança sente que qualquer coisa que ela faça está sempre errado. Pergunte então a uma pessoa mais velha. Ela sempre acha que quando a infância se foi, tudo foi perdido, o paraíso estava ali, na infância. E todos os velhos morrem pensando na infância, na inocência, na beleza, no mundo de sonhos.

Qualquer coisa que você tenha, parece sem utilidade; qualquer coisa que você não tenha parece de grande utilidade. Lembre-se disso porque senão a meditação não poderá acontecer, porque meditação significa essa compreensão da mente, do trabalho da mente, do verdadeiro processo da mente.

A mente é dialética, ela faz com que você se mova repetidas vezes em direção aos opostos. E isso é um processo infinito, ele nunca se acaba, a não ser que você, de repente, o abandone, a não ser que, de repente, você se torne consciente do jogo, a não ser que, de repente, você se torne alerta a respeito da trapaça da mente, e você pare no meio.

Parar no meio é meditação.

A terceira coisa: porque a mente consiste em polaridades, você nunca é um todo. A mente não pode ser um todo, ela sempre é metade. Quando você ama alguém, você já observou que você está suprimindo o seu ódio? O amor não é total, ele não é um todo, exatamente atrás dele todas as forças escuras estão escondidas e elas podem entrar em erupção a qualquer momento. Você está sentado em cima de um vulcão.

Quando você ama alguém, você simplesmente se esquece de que você tem raiva, de que você tem ódio, de que você é ciumento. Você simplesmente deixa tudo isso de lado, como se isso nunca tivesse existido. Mas como você pode deixar tudo isso de lado? Você pode simplesmente esconder no inconsciente. Assim, na superfície você pode se tornar amoroso, mas lá no fundo o tumulto está escondido. Mais cedo ou mais tarde você vai ficar de saco cheio, o amado terá se tornado familiar.

Dizem que a familiaridade cria desprezo, mas não é que a familiaridade cria desprezo - a familiaridade faz você ficar de saco cheio. O desprezo esteve sempre ali, escondido. Ele vem à tona, ele só estava esperando o momento certo, a semente estava ali.

A mente sempre tem o oposto dentro dela e esse oposto vai para o inconsciente e fica ali esperando pelo seu momento para vir à tona. Se você observar minuciosamente, você sentirá isso a todo momento. Quando você diz para alguém "eu te amo" feche os seus olhos, seja meditativo, e sinta - existe algum ódio escondido? Você irá senti-lo. Mas você não quer encarar isso porque a verdade é muito feia - a verdade que você sente ódio pela pessoa que você ama - por isso você engana a si mesmo. Você quer escapar da realidade, assim você esconde. Mas, esconder não vai ajudar, porque assim você não está enganando à outra pessoa, você está enganando a si mesmo.

Assim, sempre que você sentir alguma coisa, feche os olhos e vá para dentro de si mesmo para encontrar o oposto em algum lugar. Ele está ali. E se você puder ver o oposto, isso dará a você um equilíbrio. Então você não irá dizer "eu amo você". Se você for uma pessoa verdadeira você irá dizer: "meu relacionamento com você é de amor e ódio".

Todos os relacionamentos são relacionamentos de amor/ódio. Nenhum relacionamento é puro amor e nenhum relacionamento é puro ódio. Ele é ambos: amor e ódio. Se você for verdadeiro você estará em dificuldades. Se você disser para uma garota: "meu relacionamento com você é ambos: amor e ódio. Eu amo você como nunca amei alguém e eu odeio você como nunca eu odiei alguém", será difícil para você se casar, a não ser que você encontre uma garota meditativa, que possa compreender a realidade, a não ser que você possa encontrar uma amiga que possa compreender a complexidade da mente.

A mente não é um mecanismo simples. Ela é muito complexa e através da mente você nunca pode se tornar simples, porque a mente segue criando enganos. Ser meditativo significa estar alerta para o fato de que a mente está escondendo alguma coisa de você, de que você está fechando os olhos para alguns fatos que estão perturbando. Mais cedo ou mais tarde aqueles fatos perturbadores virão à tona, vão se apoderar de você, e você irá em direção ao oposto. E o oposto não está lá longe, num lugar distante, em alguma estrela. O oposto está escondido atrás de você, dentro de você, em sua mente, no próprio funcionamento da mente. Se você puder compreender isso, você irá parar no meio.

Se você puder ver o eu amo e o eu odeio, de repente, ambos irão desaparecer, porque ambos não podem existir juntos na consciência. Você tem que criar uma barreira: um terá que existir no inconsciente e o outro no consciente. Ambos não podem existir na consciência, eles irão negar um ao outro. O amor destruirá o ódio, o ódio destruirá o amor, eles terão que equilibrar um ao outro e eles simplesmente irão desaparecer. A mesma quantidade de ódio e a mesma quantidade de amor irão negar um ao outro. De repente eles irão evaporar - você estará ali, mas nenhum amor e nenhum ódio. Então você estará equilibrado.

Quando você está equilibrado, a mente não está lá - então você é um todo. Quando você é um todo, você é sagrado, mas a mente não está lá. Assim, meditação é um estado de não-mente. Através da mente esse estado não é alcançado. Através da mente, qualquer coisa que você fizer, ele nunca será alcançado. Então, o que você está fazendo quando você está meditando?

Pelo fato de você ter criado tanta tensão em sua vida, você agora está meditando. Mas isso é o oposto da tensão, não a verdadeira meditação. Você está tão tenso que a meditação se tornou atraente. É por isso que no Ocidente a meditação atrai mais do que no Oriente. É porque no Ocidente existe mais tensão do que no Oriente. O Oriente ainda está relaxado, as pessoas não estão tão tensas, elas não estão se enlouquecendo tão facilmente, elas não cometem suicídio tão facilmente. Elas não são tão violentas, tão agressivas, tão apavoradas, tão amedrontadas - não, elas não estão tão tensas. Elas não estão vivendo essa correria louca onde nada além de tensão é acumulado.

Assim, se o Mahesh Yogi vier à Índia, ninguém o escutará. Mas na América, as pessoas ficam loucas com ele. Quando existe muita tensão, a meditação atrai. Mas essa atração é de novo a mesma armadilha. Isso não é verdadeira meditação, isso é de novo um engano. Você medita por uns poucos dias, você se torna relaxado e, quando você se torna relaxado, de novo surge a necessidade de atividades. Você fica de saco cheio e a mente começa a pensar em fazer alguma coisa, em se movimentar.

As pessoas chegam a mim e dizem: "nós meditamos por alguns anos mas agora isso ficou chato, perdeu a graça". Há poucos dias uma garota veio a mim e disse: "agora a meditação não tem mais graça alguma, o que eu devo fazer?"

Agora a mente está procurando por alguma outra coisa, agora ela já teve bastante meditação. Agora que ela já está relaxada, a mente está pedindo por mais tensões - alguma coisa que possa perturbá-la. Quando ela diz que agora a meditação não tem mais graça, ela quer dizer que agora não há mais tensão, assim como pode a meditação ter graça? Ela terá que ir atrás de tensões novamente, aí a meditação de novo se tornará algo valioso.

Veja o absurdo da mente: você tem que ir embora para chegar perto, você tem que se tornar tenso para ser meditativo. Mas isso não é meditação, de novo isso é uma trapaça da mesma mente. Numa nova dimensão, o mesmo jogo continua.

Quando eu digo meditação, eu quero dizer: ir além das polaridades opostas, deixar de lado todo o jogo, olhar para o absurdo disso e transcendê-lo. A própria compreensão se torna transcendência.

A mente forçará você a se mover para o oposto - não se mova para o oposto. Pare no meio e veja que isso tem sido sempre uma trapaça da mente. É assim que a mente tem dominado você - através do oposto. Você já percebeu isso?

Depois de fazer amor com uma mulher, você de repente começa a pensar em abstinência sexual, brahmacharya e isso exerce uma fascinação tão persuasiva que naquele momento você sente como se nada mais existisse para ser alcançado. Você se sente frustrado, enganado, você sente que não havia nada naquele sexo e que somente bramacharya contém a felicidade. Mas depois de vinte e quatro horas, o sexo de novo se torna importante, e de novo você se move para ele.

O que a mente está fazendo? Depois do ato sexual ela começa a pensar no oposto, o qual, de novo, cria a vontade do sexo.

Um homem violento começa a pensar na não-violência, então ele poderá facilmente se tornar violento de novo. Um homem que fica raivoso repetidamente, sempre pensa em não ter raiva, sempre decide não ficar raivoso novamente. Essa decisão ajuda-o a ficar com raiva de novo.

Se você realmente não quiser ficar raivoso de novo, não tome decisão contra a raiva. Simplesmente olhe para a raiva e olhe para essa sombra da raiva que você pensa que é não ter raiva. Olhe para o sexo e para essa sombra do sexo que você pensa que é brahmacharya, abstinência sexual. Isso é só negatividade, ausência. Olhe para o excesso do comer e para a sua sombra que é o jejum. Jejuns sempre seguem o comer demais, a indulgência demasiada é sempre seguida por votos de celibato; a tensão é sempre seguida por algumas técnicas de meditação. Olhe para essas coisas juntas, sinta como elas estão relacionadas, como elas são parte de um só processo.

Se você puder compreender isso, a meditação acontecerá em você. Na verdade, ela não é algo a ser feito, ela é uma questão de compreensão. Ela não é um esforço, ela não é algo a ser cultivado. Ela é algo a ser profundamente compreendido.

Compreensão dá liberdade. Conhecer todo o mecanismo da mente é transformação. Então, de repente, o relógio pára, o tempo desaparece. E parando o relógio, não existe mente. Parando o tempo, onde você está? O barco está vazio.

O homem do Tao age sem impedimentos.... Você age sempre com impedimentos, o oposto está sempre ali criando o impedimento, você não é um fluxo.

Se você ama, o ódio está sempre ali como um impedimento. Se você se movimenta, alguma coisa está puxando você para trás, você nunca se move totalmente, alguma coisa sempre fica para trás, o movimento não é total. Você se move com uma perna, mas a outra perna não se move. Como você pode se mover? O impedimento está ali.

A sua angústia, a sua ansiedade é esse impedimento, é essa contínua movimentação de uma metade e não movimentação da outra metade. Por que você está tão angustiado? O que cria tanta angústia em você? Qualquer coisa que você faz, porque você não fica feliz fazendo aquilo? A felicidade somente pode acontecer para o todo, nunca para a parte.

Quando o todo se movimenta sem qualquer impedimento, o próprio movimento é felicidade. Felicidade não é alguma coisa que vem de fora - ela é uma sensação que vem quando o seu Ser como um todo se movimenta, o próprio movimento do todo é felicidade. Não é alguma coisa acontecendo para você, ela surge a partir de você, ela é uma harmonia no seu Ser.

Se você está dividido - e você está sempre dividido: metade se movendo, metade segurando; metade dizendo sim, metade dizendo não; metade amando, metade odiando. Você é um reino dividido, existe um conflito constante dentro de você. Você diz alguma coisa mas aquilo nunca é o que você quer dizer, porque o oposto está ali impedindo, criando uma barreira...

A mente entra quando você está dividido. A mente se alimenta com a divisão. É por isso que Krishnamurti segue dizendo que quando o observador se torna o observado, você está em meditação...

Sempre que a mente entra, ela entra como uma força controladora, um administrador. Ela não é o mestre, ela é o administrador. E você não chega até o mestre se o administrador não for colocado de lado. O administrador não permite que você alcance o mestre, o administrador sempre se mantém de pé diante da porta, controlando. E todos os administradores administram mal - a mente tem feito um grande trabalho de má administração...

Lao Tzu disse: quando não havia nem um simples filósofo, tudo se resolvia, não haviam perguntas e todas as respostas estavam disponíveis. Quando os filósofos surgiram, as perguntas vieram e as respostas desapareceram. Sempre que há uma pergunta, a resposta está muito longe. Sempre que você pergunta, você nunca obtém a resposta, mas quando você pára de perguntar, você descobrirá que a resposta sempre esteve ali...

O que é felicidade? Felicidade é a sensação que surge em você quando o observador se torna o observado. Felicidade é a sensação que surge em você quando você está em harmonia, não fragmentado, uma unidade, não desintegrado, não dividido. Essa sensação não é algo que vem de fora. Ela é a melodia que cresce em você a partir da sua harmonia interior...

O sol está nascendo... de repente você olha e o observador não está ali. O sol não está ali e você não está ali. Não há nenhum observador e nenhum observado. Simplesmente o sol está nascendo e a sua mente não está ali para controlar. Você não vê e diz: "o sol está lindo". No momento que você disser, a felicidade foi perdida. Então já não existe nenhuma felicidade, ela já se tornou passado, ela já se foi.

De repente você vê o sol nascendo e aquele que vê não está ali, aquele que vê ainda não entrou, ainda não se tornou um pensamento. Você ainda não olhou, não analisou, ainda não observou. O sol está nascendo e ali não existe ninguém, o barco está vazio, existe felicidade, um vislumbre. Mas a mente imediatamente entra e diz "o sol está lindo, esse nascer do sol está lindo". A comparação entrou e a beleza foi perdida.

Aqueles que sabem, dizem que sempre que você diz: "eu te amo" para uma pessoa, o amor foi perdido. O amor se foi porque o amante entrou. Como pode existir amor quando a divisão, o controlador entra? É a mente que diz: "eu te amo", porque, na verdade, no amor não existe nenhum eu e nenhum tu. No amor não existem indivíduos. O amor é uma fusão, uma dissolução, eles não são dois.

O amor existe, não os amantes. No amor, o amor existe, não os amantes, mas a mente entra e diz: "eu estou amando, eu te amo". Quando o "eu" entra, a dúvida entra, a divisão entra e o amor não está mais ali.

Muitas vezes em meditação você tem alguns vislumbres. Lembre-se: sempre que você sentir tais vislumbres, não diga: "quão belo é", não diga "quão amoroso é", porque é assim que você perde o vislumbre. Sempre que o vislumbre vier, deixe que ele esteja ali...Quando em meditação você tiver um vislumbre de algum êxtase, deixe que ele aconteça, deixe-o ir fundo. Não divida a si mesmo. Não faça qualquer declaração, senão o contato será perdido. "

OSHO - The Empty Boat - discurso n. 2

Simplesmente isto




Questionador: Alguns professores dizem que não há nada que você possa fazer para se tornar iluminado ou despertar. Que não há escolha nem ninguém para escolher. Isso é verdade?

Mooji: Ao ouvir isso, qual foi a sua reação?

Q: Na verdade foi mista. Por um lado uma sensação profundamente libertadora, simples e natural, seguido de um sentimento de real frustração e raiva. Honestamente eu me senti bastante irritado e oprimido com a idéia de não ter o livre-arbítrio. Foi muito estranho.

M: E qual dessas duas reações ficaram mais fortes com você?

Q: Bem, como disse antes,inicialmente o sentimento de liberdade foi forte,belo e expansivo mas durou pouco, enquanto que a frustração, dúvida e confusão tém sido mais prolongados.

M: E estes sentimentos o trouxeram de novo ao Satsang, certo?

Q: Pode-se dizer que sim. Na verdade eu não sinto que tomei nenhuma decisão para vir aqui. Eu sinto que fui atraído por alguma força. Quando estou aqui contigo, tudo vai bem; suas palavras e sua presença me fazem sentir seguros nesta verdade. O problema começa quando estou lá fora no mundo. Daí eu duvido de mim mesmo. Me sinto fraco, sem foco e me falta essa convicção que estou sentindo agora. Eu necessito de ajuda.

M: Obrigado. 'Eu necessito de ajuda' é a frase chave aqui. É sábio buscar auxílio, até que você vá além da necessidade do auxílio. Não a arrogância que diz 'Não há' ningúem a ser ajudado, nenhum 'eu', nenhum 'você'. Ninguém existe, somente aquilo que É, que embora verdadeiro quando exaltado da boca do sábio, é completamente falso quando expressado da mente egóica! É o ego que se levanta através do intelecto bancando ser algum tipo de herói espiritual. Esta compreensão não pode ser enxertada numa mente ego-centrada porque a verdadeira compreensão dissolve o ego-buscador. Não há ninguém que sobre para reivindicar a liberdade como uma realização. A Unidade, o Um, apenas existe manifestando-se através e como a própria consciência. Ela expressa-se como o jogo cósmico. É a consciência se expressando no papel do humilde buscador que finalmente, através da graça, alcança a compreensão final, assim realizando-se como a Consciência Impessoal, o Ser. A sua busca por ajuda abre uma enchente de Graça que se manifesta na forma do 'professor', que é um reflexo do seu verdadeiro Ser, cuja autoridade e presença o assiste empurrando a mente externalizada para dentro de sua fonte, o coração, fazendo-o resultar na compreensão final. Esta graça provém do seu próprio Ser e é o seu Ser. Você ouviu o provérbio que diz : 'Nós somos chamados por nosso próprio Ser', e ainda tudo isto toma a forma como um mero teatro na consciência. O Absoluto, o Ser real de cada um, o Satguru dentro de nós, nem se beneficia nem sofre nenhuma alteração de maneira alguma, mas mantém-se como o inalterado substrato ou pano de fundo. Esta é a verdade.

Q: Há uma alegria outra vez em ser lembrado disto, talvez isso seja a atração do Satsang. Mas eu devo dizer que ainda estou um pouco confundido sobre...

M: Não! Pare aí mesmo. Na verdade, 'você', o que você realmente é, não pode estar confuso. Confusão é um estado mental. Não seria mais preciso dizer que você sente ou nota a confusão surgindo em você? E que ambos os sentimentos de confusão e conforto são percebidos por você, incluindo seus efeitos no corpo, assim como os pensamentos e julgamentos subsequentes, que acompanham tais sentimentos? E que estes são estados que vem e vão na presença de algum 'pano de fundo ' de inteligência impessoal ou testemunha natural ?

Q: Sim. Parece haver mais distância nesta forma de olhar. Sinto-me mais desapegado e espaçoso de alguma forma.

M: Vamos voltar à sua pergunta original ?

Q: Sim, mas eu gostaria que você falasse mais sobre esse ponto.

M: Ok. Ok, nós voltaremos se necessário. Na sentença: 'Não há nada que você ou ninguém possa fazer para ganhar a 'iluminação' ou o 'despertar'. Quem ou o quê é que ouve isto? E quem ou o quê é o 'você' na declaração ?

Q: Eu mesmo! O que Eu sou.

M: E o que é isso? (pausa...) Agora você está vestindo olhos pensativos. Não pense! Observe!

Q: Minha mente... Minha individualidade. Meu sentido de ser, eu suponho. Meu intelecto?

M: Não deve haver algo por detrás que vê a mente, a individualidade, o intelecto? De onde estas mesmas frases estão surgindo, e o que se mantém inafetado, intocado pelo funcionamento da mente, intelecto. Não estão estes fenômenos sendo observados? Você pode confirmar?

Q: Sim (assentindo lentamente), eu posso confirmá-lo como tal.

M: Deixando de lado qualquer fenômeno notável que esteja surgindo, volte a sua atenção para a própria observação. O que exatamente é isso que observa? É uma pessoa, uma coisa? Tem uma forma, característica ou qualidade? É pessoal?

Q: Não. Ningúem está lá. Nada.

M: Você está lá?

Q: Sim. Não. Eu devo estar. Eu estou nele.

M: O que vê ou sabe isso ?

Q: Eu não sei. Eu apenas sei; mas não sei como eu sei. Eu não sou nada aqui exatamente. Eu quero dizer sem forma. Lá vem aquele sentimento denovo. Isto foi o que eu senti, o que experienciei a última vez.

M: Não se aferre a este sentimento agora, deixe-o ser. Não vá ao passado, permaneça por detrás. Não se identifique, não toque. Apenas observe, mas mantenha-se neutro, de forma que se e quando este sentimento de alegria desvanecer-se, restará apenas este observar. Você não pode 'ter' ou se 'tornar' isso. Nenhuma posse, nenhuma realização, apenas pensamentos e sensações surgindo espontaneamente na consciência e sendo percebidos. Você percebe ?

Q: Mas eu não quero que isso vá. Para que afast­á-lo? Eu quero permanecer neste estado sempre. Não é esse o ponto ?

M: Isto é precisamente o que você deve fazer. Se isso não estava aqui antes, não é permanente, e pertence ao que é mutável. Passará. Deixe-o ir e vir, isto é natural e isso é a própria liberdade. Reconheça que o 'Eu não quero que isso vá embora' é também um sentimento-pensamento surgindo, sendo observado por algo que está além das idas e vindas. Seja Um com isso. Não persiga nada, permaneça como consciência neutra apenas. Isso é tudo. O que pode a consciência querer? O que falta? O que há para se manter ou perder?

Q: Minha mente deu branco. Me desculpa, poderia repetir ?

M: O que está testemunhando o 'branco'?

Q: (pausa...) Eu estou. Aqui outra vez!

M: E denovo, quem ou o quê é você aqui?

Q: Apenas isso. Não há palavras que possam dar a entender ou descrever isso. Nada, Vazio.

M: Há alguma tristeza?

Q: Não.

M: Feliz?

Q: Não.

M: Livre?

Q: Não. Eu nem usaria a palavra 'livre' (pausa). Sem palavras...

M: Aha! Muito bom! Parabéns! Aquilo é isto! Isto é tudo, você terminou, Excelente! O exercício terminou. Agora pise fora disto e retorne ao seu estado prévio para que nós possamos continuar com as suas perguntas importantes.

Q: Mmmm... Isto é impossivel ! Já não faz mais sentido nenhum. Pisar fora e ir aonde?

M: Aqui!

Q: Não há nem sequer aqui!

M: Realmente? E o Agora?

Q: Não, nem Agora (longa pausa...). Eu agora vejo claramente que estes são apenas conceitos. Não há dúvida a respeito disso, O Indescritível está por detrás.

M: Isto apenas é liberdade, além de qualquer conceito de liberdade. O natural e supremo estado do Ser verdadeiro de cada um. (O questionador parece ter deslizado num estado meditativo, a sua face é imóvel mas tranquila... Mooji sorri...)

M: Eu queria falar a respeito do que acontece quando esta experiência de 'iluminação' se desvanece, mas agora é impossível discutir isso com ele enquanto ele estiver em samadhi. (Gargalhadas..)

Outro questionador: Eu também já experienciei este estado em que ele parece estar agora, um tipo de experiência da não-experiência, que durou mais ou menos três ou quatro semanas. Eu me senti totalmente vazio, limpo, presente, uno com tudo que É. Tudo apenas acontecendo por si só, era realmente indescritível e belo, mas depois de um tempo minha mente voltou. No meu caso, eu penso que voltou ainda mais forte que antes. Na verdade eu entrei num tipo de depressão pesada e me senti perdido por um tempo. Eu tive medo de repetir aquela experiência.

M: Que experiência?

Q: A experiência louca. ( Gargalhada...)

M: O verdadeiro Ser é o imutável pano de fundo suportando o mundo transitório dos fenômenos. É somente Consciência impessoal; imutável e bem-aventurosa. No estado experiencial, brilha como o puro sentido da consciência subjetiva 'Eu sou'. Este 'Eu sou' é impessoal e sinônimo de consciência – o campo da percepção. É a expressão direta da pura subjetividade. Sri Nisargadatta Maharaj, o grande sábio, descreve como sendo uma porta que se move de um lado para a manifestação e do outro ao infinito. Isto expressa-o belamente. Todos eventos ocorrem como movimentos na consciência, e são percebidos dentro e através desta consciente presença 'Eu sou'; esta é a 'testemunha', o ou princípio que testemunha, que nós somos, enquanto o corpo está aqui.

Q: Então nós somos o corpo, estamos no corpo, ou somos algo separado? Porque... (O questionador começou a se lembrar de algumas experiências e observações...)

M: Deixe isto tudo de lado por agora; apenas esteja aberto, permitindo tudo o que tem sido dito simplesmente ser ouvido na consciência sem se apegar à nenhum pensamento em particular ou idéia do tipo: "o que fazer com isso que está sendo ouvido". Permita que o 'escutar' apenas 'aconteça', assim como seria. Você está aí, por detrás da mente que escuta. Preste atenção ao pensamento 'Eu' -- ele não é o verdadeiro 'Eu sou'. Ele vem quando o 'Eu sou' impessoal se identifica com o corpo, que é meramente o instrumento através do qual Ele está se expressando, com o auxílio da força vital – o poder animador. Essa associação faz surgir o ego, ou a individualidade: o sentido de 'eu'. Então você percebe que o sentido de individualidade não pode existir sem a sustentação da consciência impessoal, mas que ele é a própria expressão transitória desta consciência criativa. Somente agora Ela opera como consciência condicionada, acreditando ser o corpo-mente. Surge agora o conhecimento do 'Outro' e um impulso básico de proteger-Se; preferências e desgostos surgem, juntamente com julgamentos, medos, desejos, apegos e o jogo inteiro dos opostos inter-relacionados. Nós como seres individuais somos fascinados e viciados por experienciar, o que em si é natural e não há nada de errado nisso, quando visto como o jogo ou a expressão da consciência manifesta que somos. Mas quando visto da perspectiva da identidade individual, com sua agenda privada – Problemão! ( gargalhada .. )



Agora escute: não há nada em particular para se 'fazer' aqui, nem ninguém para fazer ou desfazer também. Apenas uma mudança na compreensão deve acontecer e tudo se ajusta de maneira correta. Tudo é Um. Vamos pegar o exemplo da antena telescópica do carro: há uma unidade, e isto representa o Absoluto. Estenda ou puxe uma vez – o 'Eu sou' impessoal aparece; ainda sim é uma unidade. Puxe de novo e o pensamento do 'Eu individual' brota, e simultâneamente a manifestação do mundo personalizado vem à tona. Como as bonecas russas, uma dentro da outra, sucessivamente, no entanto um Inteiro! Uma unidade expressando-Se como manifesta e imanifesta, dois aspectos da Realidade única. Tal é o jogo no teatro da consciência. Você é a testemunha final, Feliz, inafetado e inteiro. Você é Aquele! Não é nada pessoal, isto não é um elogio que estou te fazendo.

Q: Por favor, você poderia repetir o ponto sobre o 'teatro da consciência'?

M: Não! Eu não posso repetir. Por agora esteja atento, aberto e presente - mas neutro aqui, sem permitir que sua atenção vagueie ou pouse em nenhuma coisa particular. Esta é a posição que estou te convidando a tomar. Confie em sua audição intuitiva. É a sua mente que, aparecendo como um buscador vigilante, se esforça por exatidão e então fica presa com o sentimento de ter perdido algo vital. Neste momento é uma sutil forma de resistência ou de evitar. Meu conselho é: se você perder (não compreender) algo, simplesmente deixe-o ir. Tudo está bem por agora. O verdadeiro você está aqui e por detrás de tudo, observando sem esforço. O sentido de 'perder' ou 'encontrar' surge, é sentido - mas descartado como 'não real': nem isto nem aquilo, 'neti-neti', como os jnanis dizem. Você, como consciência, não é nenhum sentimento em particular. Pensamentos e sentimentos vem e vão como ondas brincando na superfície do oceano. Deixe tudo vir e ir por si só, isto é natural para as ondas. Oceano, água, ondas – tudo o mesmo. Permaneça como a testemunha apenas. Para a consciência, nada é perdido ou achado, ou é bom ou mal. É o imaculado substrato no qual a sombra mente/mundo de nomes e formas dançam sua aparente existência.

Q: Mas, Mooji, seguramente a vigilância é importante ter a certeza de que compreendemos corretamente, para evitar mal-entendidos; especialmente porque tudo isso é novo para mim, e também muitas escrituras e professores apontam para a vigilância com uma qualidade ou virtude necessária para o crescimento espiritual.

M: Isto é verdade se realmente existe 'alguém' que fará uso desta compreensão. Mas se você realmente investigar, este 'alguém', a 'pessoa', o indivíduo, não será encontrado! Tudo é apenas consciência – o 'você', o 'eu', o falar, o escutar, satsang, todos aqui, tudo - tudo consciência; esta é a maravilhosa descoberta! A Consciência conversando com a consciência sobre consciência através da consciência. Quão simples! No entanto quão inexplicável quando buscado através da mente-ego. Olhe, eu te mostro onde você está agora mesmo, então permaneça com Isso, nada mais. Mas a sua mente pousou em algum ponto que lhe interessa. Enquanto você estiver engajado em prender-se a isso, você perde todo o resto – isto é chamado o jogo de 'maya' (A ilusão cósmica). É como ler um livro sobre frutas exóticas e reggae enquanto passeia pelo mercado de Brixton! ( risadas...). Um mestre Zen chamado Bankei certa vez disse: 'É como um homem que perde sua espada caída do navio no mar, e marca o ponto no caminho das águas onde caiu.' (Gargalhadas...)

Q: Justamente agora que você disse isso, tudo parou. Eu não posso pensar. Não há pensamentos. (Levando sua mão a sua boca) Isso é maravilhoso !

M: O que está vendo tudo isso ?

Q: Nada... Eu.

M: 'Eu' - nada, testemunhando a mente parada. Quando a mente está parada, ainda pode ser chamada mente? ( Pausa...)

M: E agora ?

Q: Silêncio e paz.

M: Para quem?

Q: Aqui... Para mim.

M: Pra você? Você tem certeza? O que, onde e como está 'você' exatamente nisso?

Q: Não eu; apenas silêncio e profunda paz e um sentimento real de gratidão. Está certo?

M: Você me diz.

Q: Sim. Gratidão por escutar e ver isso tão claramente. Obrigado.

M: Seja Bem-Vindo. Ser agradecendo o Ser. Muito Bom!

Tudo o que você vê é você mesmo



Seu ser não é algo novo. Não é uma nova explosão de discernimento, clareza e revelação mística. Não há absolutamente nada de novo em relação ao seu ser. Ele é você mesmo. Não é o seu "verdadeiro eu", não é o seu "eu superior". Não é o seu "eu divino", nem o seu Eu com maiúscula. Simplesmente você mesmo. O objetivo da investigação oferecida por Ramana Maharshi é essa presença constante que é tão ubíqua, imóvel e permanente que passa despercebida pela mente, a qual é atraída pelo movimento de objetos brilhantes como pensamentos, emoções, idéias e estados emocionais (bons e ruins). Todos vão e vêm, vivem, mudam e existem em você, que é esta simples presença. A simples presença da qual não se pode escapar, a qual não se pode descartar, a qual não vai e vem, e que é precisamente isto que você chama de eu.

Ramana nos aconselha a manter a nossa atenção no eu e não nos preocuparmos com todas as histórias a respeito disso. Não nos preocuparmos com todos os sutras, mantras, Upanixades, expressões, poesia, hinos e tudo mais. Ele nos aconselha a não desperdiçar este tempo precioso prestando atenção em todos os pensamentos sobre nosso ser e, ao invés disso, manter nossa atenção somente em nosso ser. A coisa notável sobre o convite de Ramana é que o ser no qual ele sugere que mantenhamos a nossa atenção não é algo superior. O ser no qual ele nos instrui a concentrar a nossa atenção é precisamente o que chamamos de ego. Ele é a totalidade da presença que é você. É exatamente a isso que se refere a palavra "eu".

"Ego" é uma palavra latina que significa "eu". É só isso que ela significa: "eu". Esta palavra foi incutida pela fascinação peculiarmente americana pela psicanálise e psiquiatria em geral. Ela foi maculada por uma espécie de essência mística. Mas significa apenas "eu". Exatamente o que você é. É tudo que você é. E este "eu", que é você, é a presença na qual a minha voz aparece e desaparece, na qual estados de despertar, realização, êxtase e consciência oceânica vão e vêm. A presença na qual estados de confusão, depressão, remorso, melancolia, horror e terror vão e vêm. Esta presença que nunca mudou, que está sempre presente, da qual não se pode escapar. Todos os nossos esforços para manter a nossa atenção fixa neste monte de lixo que é a mente são realmente esforços para escapar dessa presença.

A sugestão de Ramana é que você mantenha a sua atenção em seu ser, em você mesmo, e esqueça tudo que sabe sobre coisas espirituais. Este é o primeiro pré-requisito. Você tem que esquecer tudo; tem que jogar tudo fora. Tudo. Em seguida, você tem que voltar a sua atenção para dentro, e provar esta sensação de "mim mesmo"que está inescapavelmente presente. O objetivo disto é romper com o transe da identificação equivocada. O objetivo disto é experimentar conscientemente o sabor que você tem. Quando você entender, quando você perceber, quando você tiver a experiência consciente, por um segundo que seja, do que é o seu ser, você saberá, final e irreversivelmente, que tudo que você vê é você mesmo.

Siga a sua Natureza




"Veja o falso como falso,
o verdadeiro como verdadeiro.
Olhe para o seu coração.
Siga a sua natureza."
(Buda)



"Esta é uma das mais belas declarações: 'Olhe para o seu coração. Siga a sua natureza'.

Buda não está dizendo 'siga as escrituras'. Ele não está dizendo 'siga-me'. Ele não está dizendo 'siga certas regras de conduta'. Ele não está ensinando a você qualquer moralidade. Ele não está tentando criar um certo caráter em você, porque todo caráter é uma bela cela de uma prisão. Ele não está dando a você um certo caminho para viver. Ao invés disso, ele está lhe dando coragem para seguir a sua própria natureza. Ele quer que você seja corajoso o bastante para ouvir o seu próprio coração e seguir de acordo com ele.

'Siga a sua natureza' quer dizer: flua com você mesmo. Você é a escritura... e escondido lá no fundo de você ainda está uma pequena voz. Se você se tornar silencioso, você será guiado por ela.

O Mestre tem apenas que tornar você consciente de seu Mestre interior. Aí a sua função estará completa. Aí ele poderá deixar você consigo mesmo, ele poderá mandar você de volta para você mesmo. A proposta de um Mestre não é escravizar um discípulo, a proposta de um Mestre é libertá-lo, é lhe dar total liberdade. E essa é a única possibilidade de se atingir a liberdade total: 'Siga a sua natureza'.

Por 'natureza', Buda quer dizer Dhamma. Assim como é da natureza da água fluir para baixo e é da natureza do fogo se expandir para o alto, assim existe uma certa natureza escondida dentro de você. Se todos os condicionamentos que foram impostos a você pela sociedade forem removidos, de repente você irá descobrir a sua natureza.

A sua natureza é tornar-se Deus. Ais Dhammo sanantano - essa é a lei eterna e inesgotável: sua natureza é tornar-se Deus.

O homem é um Deus em potencial, um bodhisattva. O significado do homem é tornar-se Deus. Menos do que isso não irá satisfazer você, menos do que isso não terá utilidade. Você pode ter todo o dinheiro do mundo, todo o poder, todo o prestígio possível, e ainda assim você permanecerá vazio.A não ser que a sua natureza divina floresça, abra os seus botões, a não ser que você se torne um lótus, mil pétalas de lótus, a não ser que a sua divindade seja revelada a você, você nunca estará satisfeito.Ao homem religioso comum é dito para que permaneça satisfeito e contente, em qualquer que seja a situação. Os chamados santos religiosos seguem ensinando às pessoas: 'fique satisfeito'. A satisfação é um de seus ensinamentos fundamentais. Esse não é o caminho dos verdadeiros Mestres.

O Mestre verdadeiro cria o descontentamento em você, um tal descontentamento que nada neste mundo poderá satisfazê-lo. Ele cria um tal anseio em você, que a não ser que você alcance o máximo, você irá permanecer sem fogo, sem chama. Ele cria dor em seu coração, ele cria angústia...porque a vida está escorregando a todo momento, e cada momento que se foi, se foi para sempre, e você ainda não alcançou Deus e mais um dia já se passou.

Ele cria um tal anseio profundo em você, uma tal dor em seu coração! Ele cria lágrimas em seus olhos, porque somente através desse divino descontentamento, você irá se mover, você dará o salto quântico, o salto maior em direção ao desconhecido. Somente através desse divino descontentamento é que você reunirá todas as suas energias e se arriscará, indo até a aventura maior que é descobrir quem você é.

Siga a sua própria natureza. A sua natureza é a consciência. Mas os padres disseram a você: siga certas regras de conduta, os Dez Mandamentos, siga certos princípios, não a sua natureza. Os padres têm muito medo da sua natureza, porque se você seguir a sua natureza você irá sair de seu controle, você não será mais um escravo. Você não irá mais às igrejas, aos templos e aos mosteiros, e você não irá mais ouvir seus estúpidos padres, políticos, os chamados líderes. Eu digo que eles são os 'chamados líderes' porque o que na verdade está acontecendo é que pessoas cegas estão guiando pessoas cegas.

Se você ouvir à sua própria natureza, você não irá ouvi-los mais. Se você conhecer a sua própria voz interior, você se tornará livre. Então, a sua voz interior tem que ser esmagada, destruída, completamente destruída, ou pelo menos distorcida de tal maneira que mesmo se você ouvi-la, você não poderá entendê-la. E eles têm sido bem sucedidos. A não ser que você lute arduamente contra eles, não haverá possibilidade de sucesso. A exploração deles é tão velha, a opressão deles é tão antiga, as estratégias deles são tão espertas... e eles têm um poder infinito em suas mãos. E quem é você individualmente contra eles?

Mas se você for para dentro, se você ouvir o seu coração, você irá alcançar um tal poder que nenhum poder na Terra poderá escravizá-lo de novo.

Siga a sua natureza. Mas como seguir a sua natureza, se você não sabe o que ela é? E não lhe é permitido saber o que ela é! Você recebeu instruções precisas sobre o que fazer: o que comer, quando levantar-se de manhã, quando ir para a cama...Você recebeu instruções precisas. Aquelas instruções, se seguidas, fazem de você um escravo. Se não seguidas, fazem de você um criminoso. Se seguidas, você se torna um santo, mas um escravo. As pessoas irão adorá-lo, respeitá-lo, mas todo esse respeito é um entendimento mútuo: 'Se você seguir as nossas instruções, nós respeitaremos você. Se você não seguir, você irá para a prisão.'

Ou você se tornará espiritualmente um escravo ou fisicamente um prisioneiro: essas são as duas alternativas que a sociedade dá a você. E isso nunca permite a você se tornar consciente de que existe dentro de você uma fonte de infinita orientação e direcionamento. E é de lá que Deus fala.

Deus ainda fala, ele não parou de falar. Ele não é parcial. Não é que ele tenha falado a Maomé e a Moisés e que ele não fala a você. Ele está falando a você tanto quanto ele falou para Maomé. A única diferença é que Maomé estava pronto para ouvi-lo e você não está pronto para ouvi-lo. Maomé estava disponível e você não está disponível.

Tornar-se disponível à sua própria natureza interior é o que eu chamo de meditação.

Lembre-se dessas duas palavras. O caráter é uma invenção dos políticos e dos padres, é uma conspiração contra você. A consciência é a sua natureza. Sim, o homem de consciência tem um certo caráter, mas esse caráter segue a sua natureza. Não lhe foi imposto por alguém, esse caráter é a sua própria decisão. E ele não está preso a esse caráter, ele está totalmente livre para mudá-lo a qualquer momento. As circunstâncias mudam, a sua consciência lhe dá diferentes direções e ele muda o seu caráter.

O homem de caráter, o 'chamado homem de caráter', está preso. Mesmo se as circunstâncias mudarem ele segue repetindo o mesmo caráter, mesmo que não seja mais relevante, mesmo que não seja mais adequado. O contexto no qual ele tinha um significado desapareceu, mas ele segue repetindo as mesmas tolices. Ele é como um papagaio. Ele é uma máquina: ele não responde, ele simplesmente reage.

Um homem de consciência responde e suas respostas são espontâneas. Ele é como um espelho. Ele reflete tudo aquilo que se confronta com ele. E a partir dessa espontaneidade, a partir dessa consciência, um novo tipo de ação surge. Essa ação nunca cria qualquer escravidão, qualquer carma. Essa ação liberta você. Você alcança a liberdade se você ouvir a sua natureza.

Mas esse simples conselho parece ser muito difícil para as pessoas. Ele deveria ser a coisa mais simples do mundo. Cada criança nasce seguindo sua natureza, mas na medida em que você cresce, pouco a pouco você vai perdendo o contato com ela. Você é forçado a perder o contato com ela. O contato pode ser recuperado, ele pode ser redescoberto. Anos mais tarde, quando você tiver se tornado uma pessoa culta, preso dentro de um certo caráter, completamente cego para com seu coração e sua natureza, você começa a formular muitas perguntas.

Outro dia, o Prem Vijen perguntou: Osho, o que você quer dizer quando você diz Vá para dentro?'

Uma declaração tão simples, 'Vá para dentro', e você me pergunta 'o que eu quero dizer com ela?' Você não consegue entender estas simples palavras, 'vá para dentro'? Eu sei que você conhece as palavras, mas ir para dentro tornou-se muito difícil porque você só aprendeu como ir para fora. Você só pode ir para fora, você só sabe como ir, se for para fora.A sua consciência está voltada para os outros, ela esqueceu o caminho para ela mesma. Você segue batendo na porta dos outros e sempre que é dito a você, 'vá para casa' você diz: ' Osho, o que você quer dizer com ir para casa?' Você só conhece as casas dos outros, você não conhece o seu próprio lar. E você está carregando esse lar dentro de você. Você foi forçado a ser extrovertido. Você tem que aprender de novo o caminho de ir para dentro.

Soren Kierkegaard disse: 'Religião significa ir para dentro', ir para a sua própria interioridade. Mas as simples palavras 'ir para dentro' tornaram-se tão difíceis de entender. A mente conhece apenas como ir para fora, e nela não há qualquer marcha a ré....

Eu estou ensinando a você aqui que a marcha a ré está aí, embutida, você apenas se esqueceu dela. Você sabe como ir para fora. Ninguém pergunta 'O que você quer dizer quando diz 'vá para fora'?'. Mas todo mundo quer perguntar 'O que você quer dizer quando diz 'vá para dentro'?'. Simples palavras!

Pensar é ir para fora e não pensar é ir para dentro. Pense e você já começou a se mover para fora de si mesmo. O pensamento é a maneira de levar você para longe. O pensamento é um projeto. Não-pensamento... e de repente você está dentro. Sem pensamento você não pode ir para fora, sem desejo você não pode ir para fora. Você precisa do combustível do desejo e do veículo do pensamento para ir para fora.

Sentando-se silenciosamente, nada fazendo... nem mesmo pensando, nem mesmo desejando... e onde você estará?

Ir para dentro não é verdadeiramente ir para dentro. É simplesmente parar de ir para fora... e de repente você encontra a si mesmo dentro.

Prem Vijen, você não precisa ir para dentro porque se você for, você irá sempre para fora. Ir significa ir para fora. Pare de ir! Pare de ir a qualquer lugar! Você consegue sentar-se silenciosamente sem ir a qualquer lugar? Sim, fisicamente você pode sentar-se, isso não é muito difícil. Você pode aprender uma postura de yoga e você pode fazer de seu corpo quase uma estátua, mas o problema é: o que você está fazendo do lado de dentro? Desejos, pensamentos, memórias, imaginação, todos os tipos de projetos? Pare com eles também.

Como parar com eles? Simplesmente torne-se indiferente a eles, despreocupado. Mesmo que eles estejam ali, não dê atenção a eles. Mesmo que eles estejam ali, não lhes dê qualquer importância. Mesmo que eles estejam ali, deixe-os estar. Sente-se silenciosamente do lado de dentro, observando. Lembre-se dessa palavra: observando, testemunhando, simplesmente estando alerta.

E na medida em que esse observar cresce, se torna mais profundo, a mesma energia que estava se tornando desejos, pensamentos, memórias e imaginação, essa mesma energia é absorvida em nova profundidade. A mesma energia é usada por esse aprofundamento interno. E você saberá o que quero dizer quando digo 'Vá para dentro'.

Não comece a procurar nos dicionários ou na Enciclopédia Britânica. Não é uma questão de palavras. Palavras são simples para compreender. Quando eu digo 'Vá para dentro', é isso exatamente o que eu quero dizer: vá para dentro! Não comece a perguntar sobre as palavras. Escute a mensagem oculta, senão você irá perder o trem. O que eu quero dizer com 'perder o trem'?..........

Se você se tornar muito interessado em palavras, 'O que quer dizer com ir para dentro? O que isso quer dizer...?' Verbalmente, lingüisticamente, Vijen, você vai perder o trem. Não desperdice tempo com palavras!

E essa é particularmente uma nova espécie de doença que tem atingido os intelectuais do mundo. Pelo menos por cinqüenta anos, o mundo filosófico tem se tornado muitíssimo interessado em palavras e análises lingüísticas. Eles não perguntam mais o que é Deus. Eles não perguntam mais se Deus existe ou não. Os filósofos contemporâneos perguntam, 'O que quer dizer quando você usa a palavra Deus?' A questão não é se Deus existe ou não. A questão não é o que é Deus. A questão não é como se alcança Deus. Agora a questão tomou uma nova direção: 'O que você quer dizer quando você usa a palavra Deus?' O que você quer dizer quando você usa a palavra rosa? Essa questão é mais fácil. Você pode pegar o filósofo, forçá-lo a ir até o jardim e mostrar a ele a rosa. 'Isso é o que eu quero dizer quando eu uso a palavra rosa'. Mas isso não pode ser feito com a palavra Deus, isso não pode ser feito com a palavra meditação, isso não pode ser feito com as palavras 'vá para dentro'. Estes são fenômenos sutis. Não se torne um interessado em lingüística. Eu não estou aqui para ensinar análise lingüística a você.

Toda a minha abordagem é existencial. Se você realmente quer saber o que significa ir para dentro, então vá para dentro! E o caminho é: observe os seus pensamentos e não se identifique com eles. Simplesmente permaneça um observador, completamente indiferente, nem contra nem a favor. Não julgue, porque qualquer julgamento traz identificação. Não diga, 'Estes pensamentos são errados' e não diga, 'Estes pensamentos são bons'. Não faça comentários sobre os pensamentos. Deixe que eles passem como se eles fossem apenas a passagem do tráfego e você está de pé ali ao lado da rodovia despreocupado, olhando o tráfego. Não interessa o que está passando, um ônibus, um caminhão ou uma bicicleta. Se você puder observar o processo de pensamentos de sua mente com tal despreocupação, com tal desapego, não estará longe o dia em que todo o tráfego desaparece... porque o tráfego somente pode existir se você seguir dando energia para ele. Se você parar de dar energia para ele... E isso é o observar: parar de dar energia para isso, parar a energia que se move dentro do tráfego. É a sua energia que faz aqueles pensamentos se moverem. Quando a sua energia não os está alimentando, eles começam a cair, eles não conseguem se manter em pé por si mesmos.

E quando a rodovia da mente estiver completamente vazia, você está dentro. Isso é o que eu quero dizer, Vijen, quando eu digo 'Vá para dentro'. E isso é o que Buda quer dizer quando ele diz: 'Siga a sua natureza'."


OSHO - The Book of the Books - Volume I - Discourse n. 3
(tradução: Bodhi Champak)

A ARTE DE ESTAR COM O OUTRO




"A pessoa que não é capaz de estar com os outros,
de relacionar-se,
achará muito difícil relacionar-se consigo mesma,
porque a arte de relacionar-se é a mesma.
Seja relacionar-se com os outros ou consigo mesmo,
não faz muita diferença: é a mesma arte.

Essas artes têm que ser aprendidas juntas,
simultaneamente;
elas são inseparáveis.

Esteja com as pessoas,
não inconscientemente,
mas bem conscientemente.
Relacione-se com as pessoas
como se você estivesse cantando uma canção,
como se você estivesse tocando numa flauta;
cada pessoa precisa ser pensada como um instrumento musical.
Respeite-as, ame-as e adore-as,
porque cada pessoa é uma face oculta do divino.

Portanto seja bem cuidadoso,
bem atento.
Lembre-se do que você está dizendo;
lembre-se do que você está fazendo.
Pequenas coisas bastam para destruir relacionamentos,
e pequenas coisas tornam relacionamentos tão belos.
Às vezes basta um sorriso,
e o coração do outro se abre para você;
às vezes basta um olhar errado em seus olhos,
e o outro se fecha -
é um fenômeno delicado.

Pense nisso como uma arte:
assim como o pintor é muito vigilante
do que ele está fazendo na tela,
cada simples traço irá fazer muita diferença.
Um pintor verdadeiro pode mudar toda a pintura
apenas com um simples traço.

A vida tem que ser aprendida como uma arte:
muito cuidadosamente,
bem deliberadamente.

Assim, o relacionamento com os outros
precisa se tornar um espelho:
veja o que você está fazendo,
como você está fazendo isso e o que está acontecendo.
Que está acontecendo ao outro?
Você está tornando a vida dele mais miserável?
Você está provocando sofrimento nele?
Você está criando um inferno para ele?
Então retire-se.
Mude suas maneiras.
Embeleze a vida ao seu redor.

Deixe que cada pessoa sinta
que o encontro com você é uma dádiva:
apenas por estar com você algo começa a fluir, a crescer,
algumas canções começam a surgir no coração,
algumas flores começam a se abrir.

E quando você estiver sozinho,
então sente-se totalmente em silêncio,
absolutamente em silêncio,
e observe a si mesmo.

Assim como o pássaro tem duas asas,
deixe amor e meditação serem suas duas asas.
Crie uma sincronicidade entre eles,
assim eles não estarão de maneira alguma
em conflito um com o outro,
mas cuidando um do outro,
alimentando um ao outro,
auxiliando um ao outro.
Esse vai ser o seu caminho:
a síntese entre amor e meditação."

- OSHO -

NÃO-FAZER



A mente é uma fazedora. A mente constantemente quer estar ocupada. Um grande desejo de permanecer atarefada, isto é a mente. A pessoa não consegue se sentar só; não consegue se sentar em passiva receptividade, nem mesmo por uns poucos momentos. Isto é uma grande tortura para a mente, porque no momento em que você pára de fazer, a mente começa a desaparecer.

Osho

Não se Julgue



A primeira coisa é esta: não se julgue. Aceite humildemente sua imperfeição, seus fracassos, seus erros, suas faltas. Não há nenhuma necessidade de fingir outra coisa. Seja você mesmo: “É assim mesmo que eu sou, cheio de medo. Eu não posso andar na noite escura, não posso ir lá na densa floresta.”. O que há de errado nisso? - é humano.
Uma vez que você se aceite, você será capaz de aceitar os outros, porque você terá um clara visão interior de que eles estão sofrendo da mesma doença. E a sua aceitação deles, os ajudará a aceitarem-se.
Nós podemos reverter todo o processo: aceite-se. Isso o torna capaz de aceitar os outros. E porque alguém os aceita, eles aprendem a beleza da aceitação pela primeira vez - quanta tranqülidade se sente! - e eles começam a aceitar os outros.
Se a humanidade inteira chegar ao ponto onde todo mundo é aceito como é, quase noventa por cento da infelicidade simplesmente desaparecerá - ela não tem fundamentos - e os seus corações se abrirão por conta própria e o seu amor estará fluindo.
Neste exato momento, como você pode amar? Quando você vê tantos erros, tantas fraquezas... - como você pode amar? Você quer alguém perfeito. Ninguém é perfeito, assim, você tem de aceitar um estado de não-amor, ou aceitar que não importa se alguém não é perfeito. O amor pode ser compartilhado, compartilhado com todas as espécies de pessoas. Não faça exigências.
O julgamento é feio - ele fere as pessoas. Por um lado, você vai machucando, ferindo-as; e por outro lado, você quer o amor delas, seu respeito. Isso é impossível.
Ame-as, aceite-as e, talvez, seu amor e respeito possa ajudá-las a mudar muitas de suas fraquezas, muitas de suas falhas - porque o amor lhes dará uma nova energia, um novo significado, uma nova força. O amor lhes dará novas raízes para se erguerem contra os ventos fortes, um sol quente, a chuva forte.
Se apenas uma única pessoa o ama, isso o faz tão forte, que você nem pode imaginar. Mas, se ninguém o ama neste vasto mundo, você fica simplesmente isolado; então, você pensa que é livre, mas você está vivendo numa cela isolada em uma cadeia. É que a cela isolada é invisível; você a carrega consigo.
O coração abrirá por si mesmo. Não se preocupe com o coração. Faça o trabalho preparatório.




OSHO

Energia Pura




1. A Fonte de tudo é Energia Pura. O que todos sempre chamaram Deus nada mais é que um princípio cósmico de onde tudo flui, e para onde tudo retorna. Um vazio criativo. Uma consciência única.


2. Da Energia Pura aparecem corpos para ela poder viver conscientemente milhões e milhões de experiências na forma e no espaço. Nasce a criação. A criação é uma aparência da consciência. Eu e você somos uma aparência da consciência. Nós somos intrumentos da consciência divina. Mas o intelecto tem idéias que impedem o livre fluir da energia humana. Eis o sofrimento.


3. Você é Energia Pura que tomou a forma de um corpo humano NA TERCEIRA DIMENSÃO.


4. O cérebro humano recebe esta Energia Pura e a transforma em pensamentos, o que chamamos a consciência pessoal de uma pessoa. É o que torna uma pessoa singular e única. Esta consciência pessoal (que chamamos de Mente), inclui o temperamento, o jeito, o caráter da pessoa, e é formada pelo contato do cérebro humano com a Energia Pura ou Consciência Pura.


5. O cérebro decodifica a Energia Pura em forma de pensamentos e energia vital.


6. Desse modo o ser humano imagina que pensa. Mas o tempo inteiro a realidade é que ele é pensado junto com a vida, ele é simplesmente a vida, o ser humano não está separado da vida, porque não há ninguém separado da vida. A vida é tudo que há. Não há um ser separado da vida e de todas as coisas que estamos conscientes. Tudo é consciência divina.


7. Não somos os pensadores e nem os fazedores. É a Energia Pura que existe como real. O resto são imagens, são fenômenos que acontecem no tempo e no espaço.


8. Se você não pode controlar os pensamentos, é porque você não é os pensamentos. Pensamentos bons e mais acontecem a você, acontecem á consciência, mas não tem poder algum se você não lhes der poder.


9. Pensamentos acontecem, logo, ações também acontecem.


10. Se os pensamentos não são controlados por você, então tudo está acontecendo pela rede da vida, e você é apenas um observador. Nenhum pensamento tem poder. Pensamento + você pensando e acreditando, isso sim, tem poder. O pensamento não tem poder. Quem tem poder é você. Consciência é poder. Consciência é tudo que há.


11. O silêncio é a presença da ausência. Quando você é nenhuma coisa, essa coisa que você não é aparenta ser maravilhosa e a única coisa que o preenche.


Naseeb

Além do Espiritual



O vazio, na sua profunda compreensão, não se trata de um estado separado, mas a realidade de TODOS os estados...Ele não é algo específico além de todos os estados físicos, mentais ou emocionais, causais, mas, a peculiaridade que está e permeia TODOS os estados, superior ou inferior, sagrado ou profano, extraordinário ou comum, feio ou bonito, certo ou errado. Todas as formas sutis contém esta essência ou realidade última nela.

Não-dualidade é isto: O que está aqui-agora!
Esta compreensão é além do causal-espiritual...Não há tempo para ser isto, não há tempo para conseguir isto, porque isto está AQUI. É um dar-se conta. É uma realização!



Com amor,
Swami Sambodh Naseeb