quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Ramana Maharshi e o Caminho do AutoConhecimento




PAUL BRUNTON: O que é exactamente o Si de que fala? Se aquilo que diz é verdadeiro, deve haver um outro si no homem.

SRI RAMANA: É possivel ao homem ser possuído por duas identidades, dois "Sis"? Para compreender a questão é preciso em primeiro lugar que o homem se analise a si mesmo. Porque de há muito contraíu o hábito de pensar como pensam os outros, ele jamais encarou o seu Eu de maneira correcta. Ele não tem de si uma imagem correcta; de há muito vem-se identificando com o seu corpo e o seu cérebro. Por isso peço-lhe que leve avante a sua investigação:" Quem sou eu?"
Pede-me que lhe descreva esse Si verdadeiro. Que se pode dizer? Trata-se daquilo de que emana o sentimento do Eu pessoal e em que este terá de desaparecer.

PAUL BRUNTON: Desaparecer? Como é possível a alguém perder o sentido da própria personalidade?

SRI RAMANA: O primeiro e principal de todos os pensamentos, o pensamento mais antigo na mente de qualquer homem, é o pensamento Eu. Somente após o nascimento desse pensamento poderá nascer qualquer outro. Somente depois que o primeiro pronome pessoal eu surgiu na mente poderá aparecer o segundo pronome pessoal tu. Se lhe fosse dado seguir o fio do Eu até ser reconduzido de volta à sua origem, descobriria que, assim como é o primeiro pensamento a aparecer é o último a desaparecer. É uma experiência pela qual se pode passar.

PAUL BRUNTON: Quer dizer que é possível fazer uma tal investigação mental no interior de si mesmo?

SRI RAMANA: Certamente. É possível caminhar para dentro até que o último pensamento, Eu, desapareça gradualmente.

PAUL BRUNTON: Que sobra então? O homem tornar-se-á então inconsciente ou simplesmente idiota?

SRI RAMANA: Não; pelo contrário, atingirá aquela compreensão que é imortal e se tornará verdadeiramente sábio, quando tiver despertado para o seu verdadeiro Si, que é a natureza real de todos os homens.

PAUL BRUNTON: Decerto o sentido do Eu pertence a isso?

SRI RAMANA: O sentido do Eu pertence à pessoa, ao corpo e ao cérebro. quando um homem descobre seu verdadeiro Si algo mais se ergue das profundezas do seu ser e se apossa dele. Essa coisa está por detrás da mente; é infinita, divina, eterna. Alguns chamam-na o Reino dos Céus, outros Nirvana e os hindus Libertação. Dê-lhe o nome que desejar. Quando acontece, o homem na realidade não se perdeu; ao contrário, encontrou-se.
A menos e até que um homem encete essa busca do verdadeiro Si, com certeza a dúvida e a incerteza acompanhar-lhe-ão os passos através da vida. Os maiores reis e estadistas tentam governar os outros quando no seu íntimo sabem-se incapazes de governar-se a si mesmos. No entanto, o maior dos poderes está ao alcance do homem que penetrou na sua máxima profundidade...Que adianta saber tudo o mais quando não se sabe ainda quem se é? Os homens fogem a esta devassa do verdadeiro Si, mas existirá outra empreitada igualmente digna de ser tomada a peito?

Excerto extraído do livro Ramana Maharshi e o Caminho do Autoconhecimento (pag.21-22). Livro editado pela Pensamento.

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